terça-feira, 22 de abril de 2014

Chocolate e Muguet

Nem só de japoneiras se faz a quinta da Avó N. Muguet aqui e ali, jarros e mais jarros, rosas e cravos, perco-me com tantas flores! E um cheirinho que nos faz perder de amores! Depois a fruta a cair das árvores, legumes a crescer em todos os cantos, ervas aromáticas que nos trazem tamanhos encantos, galinhas de ovos de ouro, mais amarelos do que nunca. Patos, galinhas e peixinhos, cães enormes e gatinhos, tudo bons vizinhos. Não falta nada a esta quinta. Até o musgo verde e a lama da chuva têm um cheiro diferente. Os miúdos crescem a olhos vistos, mesmo estando sempre cheios de terra e de pó. Comem e dormem, sem piedade nem dó. O Sebastião já quase que anda por lá sozinho, cheio de juizinho. O Manel ainda é um perigo muito cansativo, mas andou por lá sempre feliz, a assobiar e a correr ao mesmo tempo, muito senhor do seu nariz. Há poucas coisas melhores do que apanhar ar puro, comer legumes da terra, canja da capoeira, e fruta colhida das árvores, ainda fresca do frio da noite e do orvalho das manhãs. Somos, realmente, fãs da vida de campo. E neste dia da Terra, há que dar ainda mais valor àquilo que adoramos de paixão. Não me importava nada de viver assim, sempre em modo off, a amadurecer ao pé das camélias, do muguet e da terra-chão.
 










A Páscoa, lá em casa, é como o Natal. Saídos de uma família de caça aos ovinhos de chocolate como se não houvesse amanhã, de cabrito em forno de lenha como antigamente, arroz com açafrão e batata a murro, para depenicar até mais não...Vamos para outra....diferente, mas igual. Podia ser todos os dias. Famílias inteiras reunidas, algazarra certa, tempo incerto, é certo também, mas a confusão que reina à mesa é que já não há quem. Um dia, quando for  muito velhinha, gostava  de me lembrar, com saudade, desta confusão da minha mocidade, deste barulho barulhento, que mesmo no meio do nevoeiro e do tempo cinzento, consegue alegrar os meus dias, tornando-os mais completos, e fazendo de mim uma pessoa melhor. Afinal, a família é para isso mesmo.
 






 
Miúdos livres e felizes, cheios de relva e histórias para contar, é o que se quer!

E hoje, 22 de Abril, dia em que a Avó B. faria 82 anos, sei que, lá onde estiver, sente um imenso orgulho no legado que deixou, e na família que, mesmo sem os Avós, nunca mais se separou. A saudade, essa, por aqui ficou...Parabéns querida e adorada Avó do meu coração.

1 comentário:

  1. Que bom! Quando os avós partem, há tantas famílias que "se separam"! beijinhos

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